Sobre mim

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tiago pereiras

Você precisa reprogramar aquilo que te programaram!

Minha História

Assisti, sem poder fazer nada, à minha mãe jogar fora a limonada que fiz para vender quando criança. Inspirado pelos desenhos e filmes da infância, eu tinha certeza de que prosperar daquela maneira também era possível — embora ela insistisse que era uma bobagem.

Na adolescência, continuei tentando fazer algo por conta própria. Já não tão inocente, pirateava CDs, personalizava e revendia para os colegas. Uma estratégia fora da lei para um jovem sem mesada que também queria ir às festas.

Talvez o que eu e minha mãe não percebêssemos, à época, é que empreender fazia parte do que eu era — e ainda faz. Meu comportamento demonstrava isso desde cedo.

Descobri que, na Cooperativa — a escola onde estudei —, a quadra ficava vazia nos fins de semana. Enxergando uma oportunidade de desfrutar de algo prazeroso gratuitamente, perguntei à diretora o que deveria fazer para usar o espaço. A resposta foi que bastava um responsável. Então, meu pai assumiu o posto.

Foi nesse momento que percebi o poder de mobilizar pessoas em torno de um objetivo comum. No início, jogava com meu pai. Depois, começamos a chamar amigos, que chamaram outros. Uma ideia simples, uma pergunta, foi capaz de transformar aquele desejo em algo grandioso. Assim, fiz amizades no Ensino Médio e me tornei popular — o que, para mim, foi incrível, pois sempre gostei de estar entre as pessoas. Empolgado com tudo isso, investi no meu primeiro grande projeto: o futebol dos fins de semana. Comprei bolas, coletes, tudo o que era necessário para tornar aquele momento ainda mais divertido. Mais tarde, descobri que a escola havia gostado tanto da ideia que decidiu monetizá-la, cobrando pelo aluguel da quadra.

Indiretamente, essa experiência me levou a escolher a faculdade de Educação Física. Ela reunia três coisas que eu gostava: saúde, cuidado com o corpo e interação humana. Tentei a Federal de Viçosa e passei. Meu irmão já morava lá e eu queria sair da casa dos meus pais, experimentar o novo. As circunstâncias pareciam colaborar para que eu seguisse esse caminho. Fui sem questionar.

Cresci acreditando que fazia as escolhas certas. Ser um Educador Físico reconhecido, casar com a amiga da faculdade e ter um casal de filhos parecia uma vida tranquila e bem remunerada. Mas, após dois anos de curso, tudo desmoronou. Descobri a existência da empresa júnior — não só do meu curso, mas de toda a instituição. Comecei a fazer amigos de outras áreas e me senti pertencente àquele espaço. Tudo parecia mais claro, mesmo que eu ainda não soubesse explicar o porquê.

Sempre tive dúvidas sobre a Educação Física. Pensava se deveria ter escolhido Psicologia — outra opção que também considerei. Uma trabalhava o corpo, a outra, a mente. Mas o conflito não era esse. Passei a questionar constantemente minha escolha, embora ela tenha sido o caminho que me levou a buscar meu verdadeiro propósito.

Durante a formação, muitas pessoas me procuravam para emagrecer. Eu traçava objetivos, metas, treinos, dava dicas de alimentação… mas elas não seguiam. Sentia-me limitado por não conseguir resultados, mesmo sabendo que não dependia só de mim. Ver que nem todo mundo estava disposto a mudar foi decisivo para que eu buscasse outro caminho dentro da área. Comecei a perceber que a graduação não era um fim, mas uma etapa da minha jornada de construção.

Parei para refletir sobre o que realmente queria. Já sabia que seguir como Educador Físico não era uma opção, mas também sabia que a empresa júnior, a Eficap, fazia muito sentido para mim. Mudei o foco. Meu novo objetivo era trabalhar com ginástica laboral — atividade física dentro de empresas. Em menos de um ano após me formar, fui convidado a atuar em uma empresa que prestava serviços de qualidade de vida na Petrobrás.

Eu estava ali, dentro da empresa, trabalhando com saúde e com pessoas. Tudo o que eu gostava estava reunido. Apesar de aprender muito e testar meus conhecimentos, ainda era sacrificante. Gostar não era suficiente — faltava propósito. Acordar de madrugada, pegar dois ônibus lotados para ir e voltar de outra cidade, ganhar um salário que mal cobria os gastos e viver sem tempo para nada ia contra tudo o que eu acreditava: qualidade de vida. Eu não vivia aquilo que eu mesmo pregava.

Nesse período de impaciência, resolvi arriscar. Buscando motivação, participei do Laboratório da Fundação Estudar, graças a um empréstimo de R$600 feito pela minha tia. Nele, percebi que aceitar o que nos é oferecido é uma escolha — e, na ausência da oportunidade ideal, podemos criá-la. Entendi que não precisava continuar daquele jeito, vivendo uma incoerência.

Logo depois, um vazamento de gás na Petrobrás abalou ainda mais minha perspectiva. O medo de morrer ali me deu a sensação de estar desperdiçando tempo. Após um mês naquele cenário, pedi demissão e fui em busca do meu propósito.

Ainda assim, transformar a qualidade de vida das pessoas era algo que eu queria. A ginástica laboral me despertou para isso. Aliei esse sentimento ao meu interesse em entender os padrões comportamentais que impediam as pessoas de viverem com mais saúde. Mergulhei nos estudos: autossabotagem, funcionamento do cérebro, comportamento primitivo…

Fiz mentoria, terapia, PNL. Li infinitos livros sobre neurociência e psicologia. A cada conversa com grandes nomes do passado — por meio da leitura —, que pareciam saber mais sobre o futuro do que nós mesmos, fui me encaixando e saindo da imersão. Enfim, achava que estava descobrindo um novo caminho. Trabalhar com desenvolvimento humano parecia ser o meu lugar.

Voltei para minha cidade natal e recomecei. A intenção era empreender, mas precisei, inicialmente, trabalhar como Educador Físico em uma academia — as contas não esperariam. Por três anos, conciliei o que precisava fazer com o que desejava até que criei a primeira startup de Sete Lagoas, quando ninguém falava disso. Também ajudei a construir uma comunidade sobre o tema. Foi então que a vida me ensinou uma das lições mais difíceis e valiosas.

Quando idealizamos algo, às vezes deixamos de notar os sinais que nos pedem calma — e eu tinha pressa. A mesma pressa que me fez cair pela primeira vez.

A startup foi planejada com toda minha dedicação financeira, pessoal e emocional. Mas a vida não se importa com o nosso planejamento. A ideia era unir conceitos para promover mudanças significativas na vida das pessoas, mas ignorei um princípio básico: cada ser humano é único. Foi necessário experimentar o gosto amargo de um “doce fracasso” que gritava: “Você ainda não está pronto”.

Nesse momento de insegurança, enfrentei a depressão. Meu corpo dava sinais claros. A derrota me jogou num estado permanente de confusão — mas também despertou uma urgência em sair do fundo do poço. Comecei a estudar sobre desenvolvimento humano e biohacking, buscando melhorar a minha própria vida.

Encontrei, nesse período, a oportunidade de trabalhar em um projeto de inovação do governo de Minas. Apesar do caminho parecer torto, eu estava desenvolvendo a capacidade de fazer com que pessoas trabalhassem de forma diferente, fora dos padrões, como agente de inovação. Minha função era colaborar para alcançar resultados inéditos com o apoio da tecnologia.

Em novembro de 2018, o projeto de inovação chegou ao fim. Com ele, vieram outros fins: um namoro, o salário fixo, a paz… Descobri que poderia estar devendo mais de R$20 mil. Eu buscava respostas, sem ideia do que fazer.

Me perguntava como havia chegado até ali. Estudara tanto sobre padrões e não percebi que eu também tinha comportamentos inconscientes negativos, diretamente conectados ao que estava vivendo.

Apesar dos erros, a vontade de tentar novamente era maior. Como esportista — ainda que só nos fins de semana — sempre acreditei que, melhor do que estar na arquibancada, era estar no jogo. Então, joguei mais uma vez. Criei um novo negócio, agora voltado para marketing, biohacking, treinamentos e desenvolvimento pessoal. E, mais uma vez, quebrei.

Acreditei estar focado no necessário para fazer dar certo, mas a realidade era outra: meu negócio tinha muitas frentes e pouco foco. E o pior — poucas vendas. E, quando elas não acontecem, por melhor que seja a ideia, ela morre. A culpa me consumia e, como se não bastasse, ouvi de meu sócio que eu era o único responsável por mais esse fracasso.

Para quem não sabe para onde ir, qualquer caminho serve. E, mais uma vez, decidi partir: da minha cidade, do meu estado, tentando escapar da vergonha. Achei que uma cidade grande pudesse oferecer grandes oportunidades — e assim desembarquei em São Paulo, no início de 2019.

Mas, ao contrário do que imaginei, a maior cidade do país me trouxe lições duras. Precisei aprender a viver com o mínimo. Fazer a comida de um dia durar a semana toda. Transformar uma passagem de metrô em duas. Pedir ajuda. E, nesse processo, comecei a valorizar o que antes não dava importância.

Conquistei clareza e maturidade. O fracasso me mostrou que a vida testa nossos limites para saber o quanto estamos dispostos a fazer pelos nossos sonhos. Eu não tinha mais nada a perder — então, também não tinha mais nada a temer.

O que estava em mim desde a infância, e que me acompanhou durante toda a vida — mesmo que de maneira indireta —, finalmente tomou forma. E você, que está lendo: essa história não é tão bonita quanto talvez imagine. E não, não deu certo. Eu falhei. Caí no conto do neoliberalismo.

Infelizmente, você precisa trabalhar. Precisa buscar sua autenticidade. Criar sua marca no mundo. E mais: precisa entender que o seu tempo de vida não será, necessariamente, o tempo da transformação.

Na minha busca pelo desenvolvimento pessoal, encontrei pessoas arrogantes — assim como eu me tornei, em certos momentos. Passei a me sentir superior apenas por refletir um pouco mais sobre o que pensava. Mas a vida, como grande mestre, me ensinou. Me mostrou. Quase rachou minha cabeça nesse processo.

Encontrei “gurus” falsos, pessoas manipuladoras… e, disso tudo, aprendi. Aprendi a me respeitar, a fazer escolhas mais sinceras. Aprendi que, não importa o ser humano, todos nós somos enviesados pela nossa história, pelos nossos traumas, pelos nossos sonhos. Então, seja você. Não endeuse ninguém. Todos estamos aqui para experimentar este mundo. Seja ético, justo, lute pelo que acredita — mas seja flexível…